James Dean: A breve história de uma lenda

"Sonhe como se fosse viver pra sempre, viva como se fosse morrer hoje.A célebre frase é de James Dean. Se você não é cinéfilo talvez você não saiba quem ele foi, talvez você nem mesmo tenha lembrança de ter ouvido o seu nome, mas James Dean não foi apenas mais um ator de Hollywood. Ele foi um ícone de toda uma geração. Infelizmente não pudemos desfrutar o quanto queríamos de seu talento, uma vez que num trágico acidente automobilístico em 30 de setembro de 1955, exatos 60 anos atrás, morria o astro que em tão pouco tempo já havia cativado o público. Naquele dia morria o homem. Naquele dia nascia a lenda. 

Nascido em 08 de fevereiro de 1931 em Marion, Indiana. Seu nome de batismo era James Byron Dean. O nome Byron era uma homenagem por parte de sua mãe ao poeta inglês Lorde Byron. James, ou Jimmy como era chamado pelos amigos, era filho de Winton, um especialista em próteses dentárias e que era da religião quacre, e e Mildred Dean, filha de fazendeiros metodistas. Em 1937 vai morar em Santa Monica, subúrbio de Los Angeles, devido o trabalho do pai e passa então a frequentar a escola do bairro de Brentwood. Jimmy desde cedo mostrava talento artístico, aos oito anos de idade já tocava violino e fazia sapateado. Foi na arte e no aconchego materno que ele encontrou uma fuga para as zombarias por parte das outras crianças, devido ao fato de ser tímido, introspectivo e míope. Aos nove, em 1940, no entanto sofreu aquela que seria sua primeira e, me atrevo a dizer, maior perda e que impactaria o restante de sua vida bem como o seu caráter, sensibilidade e carência, a morte precoce de sua amada mãe. Mildred Dean faleceu vítima de câncer naquele ano. Mais tarde ele diria "minha mãe morreu, deixando tudo nas minhas costas". No velório, junto ao túmulo, o pequeno James Dean enterra o seu violino. Foi nesse período que foi morar na fazenda com os tios Ortense, irmã de seu pai, e o marido Marcus Winslow em Fairmount, fazendo com que mais uma vez se sinta deslocado, sendo obrigado a começar tudo de novo mais uma vez. Na fazenda fazia de tudo para se ocupar, desde ordenhar vacas, dar ração aos animais, apanhar ovos no galinheiro e até dirigir o trator. Como bicho de estimação adota um porco. Na escola seguia sem encontrar o seu lugar. Era o desajustado. Não conseguia ser como os outros.

"Gosto dos animais porque me aceitam tal como sou. Ou gostam ou não gostam de nós, mas nunca nos julgam."

Na escola tem o seu primeiro contato com o teatro e participa das duas peças anuais organizadas pela Sra. Adeline Nall. No ano de 1945, já com três graus de miopia, James Dean matricula-se na Fairmount High School, onde cursa o ensino médio e passa a, como muito esforço, jogar nos times de basquete e beisebol da escola e se destacar em ambos, além de se tornar campeão em salto com vara. Ainda neste ano, em uma feira agropecuária ele se arrisca como cowboy e monta um touro brahma de 300 quilos e leva uma queda, sofrendo o deslocamento de uma costela no processo. Sempre vestia calças jeans e camisetas brancas e, diferente dos colegas de time, nunca chegava em grupo, mas sozinho. É nesse período que James descobre uma das grandes paixões de sua vida, a velocidade. Primeiramente passa a participar de competições locais de motocicletas e ganha o apelido de One-Speed Dean. Aos dezoito, em 1949, aprende a dirigir carros com a ajuda de seu xará, o reverendo James De Weerd, e começa a frequentar os circuitos amadores de corridas.

Mas James Dean amava mesmo as artes e jamais pretendia abandona-las, como ele mesmo escreveu numa breve autobiografia que escreveu na escola:

"Tive de abandonar o violino e a dança, mas não vou renunciar a criação artística. Pretendo dedicar a minha vida à arte. Existem tantos campos de aplicação para a arte, que seria difícil eu não encontrar algum."

Antes de decidir ser ator James Dean experimentou música clássica, jazz, poesia, filosofia, artes plásticas, ioga e até mesmo tocar bongô. Posteriormente também se dedicou a fotografia. Ele mesmo dizia sempre que "se tivesse cem anos pela frente, ainda não teria tempo suficiente para fazer tudo o que eu quero". No dia 21 de junho de 1949 ele vence o Concurso Amador de Arte Dramática de Indiana, onde interpretou um capítulo de O Louco, de Charles Dickens. Isso o levou a participar do Concurso Nacional, no Colorado, e fica em sexto lugar. Aquilo é o que ele queria, atuar. Nas palavras de Jimmy:

"Representar é para mim a maneira mais lógica de me livrar de minhas neuroses. Os atores representam para expressar suas fantasias e os fantasmas de que são prisioneiros."

Terminando o colégio, se muda para a Califórnia onde passa a morar com o pai e a madrasta. Lá passa a cursar Direito na Faculdade de Direito de Santa Monica e ganha do pai o primeiro carro, um Chevrolet de segunda mão pelo qual pagou US$ 300,00. Devido a uma briga com alguns colegas é expulso da faculdade. Entra para a Escola de Arte Dramática de Universidade de Los Angeles - UCLA e ganha o papel de Malcolm numa montagem de Macbeth.

Em 1951 vai para Nova York, onde cursa o Actor's Studio as custas de empréstimos dos tios e do reverendo De Weerd. Neste período trabalha como garçom e cobrador de ônibus. Entre 1951 e 1952 James Dean, por intermédio do amigo Richard Shannon, consegue seus participar de seus primeiros filmes como figurante, Baionetas Caladas, O Marujo Foi Na Onda e Sinfonia Prateada. Ele não foi creditado em nenhum dos três e apenas no terceiro ele tem uma fala pedindo um bebida complicada numa sorveteria. No outono de 1952 passa a trabalhar como marinheiro num iate. O dono do iate, por coincidência, era um produtor da Broadway e decidiu apostar em Jimmy como o protagonista da peça See the Jaguar, de Richard Wash. A peça é encenada em 1953 e é um fracasso de críticas, mas todos concordam que nela a única coisa que se salva é a performance de James Dean e o consideram "um astro nascente". Ainda em 1953 é convidado a estrelar a peça O Imoralista, de André Gide, onde interpreta um homossexual árabe. A peça é um sucesso de público e crítica e por sua atuação recebe o Tony Awards, o mais importante prêmio do teatro.


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