Viva o Cinema Nacional!

Ainda outro dia, em conversa com uns amigos sobre filmes, seriados e coisas do tipo, surgiu por parte de um deles aquele infeliz comentário acerca do cinema nacional. Sim, a criatura teve a capacidade de dizer que odeia filme brasileiro. Na verdade as palavras que ele usou foram "filme brasileiro não presta, é tudo lixo". Contra argumentei na hora dizendo que ele provavelmente não tinha assistido muitos filmes nacionais, que a nossa produção cinematográfica é muito boa e diversificada, além de termos diversos filmes mundialmente premiados. Alguns dos amigos na roda de conversa se posicionaram a respeito, alguns concordando comigo e outros com ele. Eu, chato que sou quando defendo minha opinião a respeito de algo, continuei expondo mais fatos. Na defensiva, me disseram que filme brasileiro bom "é só Tropa de Elite e O Auto da Compadecida". Começaram então a se contradizer, afinal havia menos de cinco diziam que filme brasileiro nenhum prestava e de repente dois filmes passaram a prestar. No meio ainda surgiram nomes como Cidade de DeusO Homem Que CopiavaO Homem do Futuro e Estrada 47. Ok então, era hora de virar o jogo. Movendo uma peça de cada vez eu venceria o jogo. Questionei sobre os filmes nacionais que viram, se foram muitos. A resposta não me surpreendeu em nada. Os filmes que alegavam eram em sua maioria aquelas comédias besteirol produzidas pela Globo Filmes, onde o elenco é geralmente de "humoristas" do Zorra Total ou elenco típico de novela global. Não me levem a mal, a Globo Filmes detêm quase que um monopólio da distribuição de filmes nacionais nas salas de cinema e vez ou outra lança bons filmes, mas a quantidade absurda de comédias pastelão é de encher o saco.  


A moda era o Marcelo Adnet, agora tudo é com Fabio Porchat, Danton Mello ou Leandro HassumNessa hora eu pensei "é o meu xeque-mate" e comecei a citar vários filmes brasileiros que eles não viram e que em alguns casos nem sabiam que existiam. No meio foram surgindo outros filmes bons citados por eles mesmos. Ainda assim a criatura que iniciou o tema disse continuar a não gostar dos filmes brasileiros, mesmo admitindo a qualidade de várias das nossas produções cinematográficas. Como disse Inácio Araújo, crítico de cinema do jornal Folha de São Paulo, "o cinema brasileiro continua a buscar seu público. E a referência desse público amplo, hoje, é a estética dos programas da Globo ou os blockbusters americanos. Esses últimos não podemos imitar. Então o cinema imita, no que pode, a Globo. São essas comédias idiotas, com atores que se esforçam para imitar atores de teatro colegial, aquela luz esbranquiçada. O público responde bem a isso. Que dizer? Não é o cinema brasileiro que está doente. É o cinema" e em parte ele está correto sim. Não foi uma vitória total, mas já fiquei satisfeito. Ainda não podemos dizer que há uma Indústria de Cinema no Brasil, e muito se deve a uma série de fatores influenciados por um fator claramente político,  mas nossos filmes não deixam nada a desejar para os filmes de nenhum outro país. Não temos blockbusters, mas temos a qualidade que nenhum Transformers da vida jamais terá. 

Para quem não conhece tanto a produção nacional é muito fácil criticar e generalizar com base em uma própria experiência insatisfatória. Mas, como diz o ditado, não se deve julgar um livro pela capa e, complemento aqui, não se deve julgar um filme por sua nacionalidade. Recomendo a qualquer pessoa que tenha uma linha de julgamento preconceituosa semelhante ao de meus amigos em relação ao cinema nacional que dê uma chance. Sim, dê uma chance. Vá ao cinema, a locadora, a Netflix ou mesmo ao YouTube e confira algumas das produções brasileiras e veja o quão talentosos são os nossos cineastas, roteiristas, elenco e todos os demais envolvidos na produção de nossos filmes. Assistam os já citados Tropa de Elite e O Auto da Compadecida, que são filmes ótimos, mas veja também Elena e O Lobo Atrás da Porta, vejam Lisbela e o Prisioneiro e Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia. Deem uma chance ao nosso cinema de terror com os clássicos de José Mojica Marins e as produções recentes de Rodrigo Aragão. Vejam o divertido Cine Holliúdy e vejam também o cultuado O Som ao Redor. Nossos documentários, eu me atrevo a dizer, são os melhores do mundo. Confiram a produção de Eduardo Coutinho pelo amor de Deus. E se ao final vocês não tiverem curtido e se divertido então eu sou um mentiroso. E estas são apenas algumas sugestões de filmes nacionais. Há muito mais para conferir. Tem pra todos os gostos e certamente se der a chance que o nosso cinema precisa você vai se encantar com o resultado.




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