Remake não! Ou será que é válido?

Atualmente um tema que vem gerando polêmica entre os fãs de cinema são os remakes. Muitas vezes tidos como desnecessários por parte do público, principalmente entre aqueles que acham o filme original bom o suficiente para necessitar de uma nova versão. É inegável a tendência hollywoodiana de fazer remakes e reboots de diversos filmes e franquias de filmes. O argumento dos estúdios é apresentar as histórias já consagradas para um novo público. Sinceramente, não acredito que seja um argumento muito válido. Eu quando quiser apresentar De Volta Para o Futuro ou Os Goonies para o meu filho vou faze-lo usando o bom e velho DVD. Mas, afinal, é válido ou não refilmar uma história já consagrada? Recentemente foi lançado nos cinemas o remake de Poltergeist - O Fenômeno, filme cult de terror oitentista com uma legião de fãs. Ainda não vi o remake e também não sei se o verei, mas é provável que não o faça no cinema. Ainda esta semana saiu o trailer de Caçadores de Emoção, remake do filme de ação dos anos 90 com Keanu Reeves e Patrick Swayze. Foi notícia anteontem que o remake de It - Uma obra-prima do medo, baseado no livro A Coisa de Stephen King, perdeu o seu diretor, mas é bem provável que ainda assim o projeto siga adiante e o filme saia do papel. Estes são apenas alguns exemplos recentes de produções que se tratam de refilmagens. Parece que a criatividade em Hollywood está acabando. Já imaginou se lhe tivessem apresentado um remake de Tempos ModernosLuzes da Cidade ou O Grande Ditador dos filmes de Charles Chaplin? Não seria algo muito legal, né? Fui um tanto radical neste exemplo, eu admito, mas então por que seria válido com outros filmes? Mas também não vamos generalizar, existem remakes muito bons e em alguns casos até melhores que original, mas no geral acabam por macular o legado de tais obras. 
  
Infelizmente a indústria cinematográfica americana segue aquela velha fórmula de que em time que está ganhando não se mexe, portanto se deu certo antes então vai funcionar de novo e de novo e quantas vezes mais forem necessárias. Ano passado foi noticia que até mesmo o clássico Os Pássaros, de Alfred Hitchcock, corre o risco de um remake produzido por Michael Bay. Já imaginou os pássaros com metralhadoras, infinitos cortes rápidos e confusos de cenas seguidos de várias explosões e muito barulho? E provavelmente lançado no formato 3D que é pra arrecadar mais grana. Na minha humilde opinião existem filmes que são irretocáveis e não devem ser mexidos, são imortais. Mas existem alguns casos em que uma nova versão até que é bem-vinda, o que não é o caso de Entrevista com o Vampiro que saiu o rumor de risco de remake. Eu curto o original e acho que ao invés de refilma-lo deveriam era adaptar os outros livros da Anne Rice e colocar o Tom Cruise para reprisar o papel do vampiro Lestat, até porque de lá pra cá o cara não envelheceu tanto. Falando em Lestat, seria muito válida uma nova versão de A Rainha dos Condenados porque o filme de 2002 é ruim pra caramba. Há quem discorde, mas eu queria ver também uma versão atualizada de Aventureiros do Bairro ProibidoExcalibur e Flash Gordon. Pior é que tem de tudo quanto é tipo de refilmagem. Tem até remake sul-coreano de faroeste italiano. Pois é, nem a obra-prima de Sergio Leone escapou e Três Homens em Conflito virou The Good, The Bad & The Weird na nova versão. O que é meio que irônico levando em consideração que Por Um Punhado de Dólares, o primeiro filme da Trilogia dos Dólares de Sergio Leone, é um remake não oficial de Yojimbo do japonês Akira Kurosawa. Já diz o ditado que nada cria, tudo se copia.  Abaixo você confere o trailer desta inusitada produção.




Alguns casos temos os reboots, que são não uma refilmagem mas uma nova versão recomeçando a franquia. Alguns reboots são prequels (sequência que mostra os fatos ocorridos antes do filme original) como é o caso de Planeta dos Macacos: A Origem e sua continuação Planeta dos Macacos: O Confronto e do filme X-Men: Primeira Classe, ambos da Fox. Outros reboots são de fato recomeços, onde nada é aproveitado do filme anterior, e tem sido bastante utilizado nos filmes de super-heróis, vide os casos de Batman, Homem-Aranha e Quarteto Fantástico. Eu acho que são mais válidas as continuações do que ficar rebootando tudo do zero. É o caso do Mad Max: Estrada da Fúria e, segundo especulações, o próximo Indiana Jones. Vejam o caso da franquia 007 por exemplo, que está na ativa desde os anos 60 sempre trocando diretor, ator e todo o resto mas dando continuidade a história do icônico personagem de Ian Fleming e sempre respeitando a sua essência. Claro que existem aquelas continuações que são horríveis de ruins e seria melhor que não existissem. Mas, fala sério, você toparia ver remake de filmes clássicos? Principalmente quando não há o devido respeito com a obra original. Mas existem casos em que o remake é tão bom quanto o original ou até melhor. Não sei se é o caso de Ben-Hur; o clássico filme protagonizado por Charlton Heston foi o primeiro a levar 11 estatuetas do Oscar, número que só foi igualado décadas depois por Titanic e O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei. Sendo que Ben-Hur foi, que eu saiba, a terceira adaptação do livro de Lew Wallace para o cinema e está sendo produzida uma nova versão onde Rodrigo Santoro interpretará Jesus Cristo. Neste caso, por ser uma adaptação literária não sei se pode ser enquadrado como sendo remake ou se é simplesmente uma nova versão do livro para os cinemas. O mesmo vale para Assassinato no Expresso do Oriente, livro de Agatha Christie que já teve várias adaptações incluindo cinema e TV. 
  
Basta sair a notícia ou rumor de uma nova refilmagem que começam os mimimis gerado por tais produções, mas em compensação os resultados tem sido agradáveis aos estúdios. Vejam por exemplo a Disney que agora ta refazendo seus clássicos animados em versão live-action. Começou com Alice no País das Maravilhas, partiu pra Malévola (que é A Bela Adormecida pela ótica da vilã) e o mais recente foi Cinderella, mas já está em pré-produção A Bela e a FeraMogliDumbo e Mulan. Só espero que não inventem uma versão live-action de O Rei Leão também. É a produção de tantos filmes assim que tem posto em cheque a questão da criatividade em Hollywood. Mas a coisa não se limita apenas ao cinema. Temos visto cada vez mais séries de TV adaptando filmes, como é o caso de O Bebê de RosemaryPânicoUm Drink no InfernoFargoSem LimitesMinority Report - A Nova Lei e outras tantas mais. Não bastasse isso, se um filme estrangeiro (no ponto de vista norte-americano) faz sucesso logo se compram os direitos para uma versão americana. Foi o caso de O Segredo de Seus OlhosIntocáveisOperação Invasão e OldBoy que são respectivamente da Argentina, França, Indonésia e Coréia do Sul, além de serem todos relativamente recentes. 
  
A verdade é que como fãs de cinema sentimos falta da criatividade dos estúdios que já nos brindaram com tantos filmes bons no passado. Será mesmo que acabou a criatividade? Eu creio que não. Mas oque sentimos falta neste momento é de mais produções realmente originais. Vemos tanta coisa boa no cinema britânico, alemão, francês, russo, brasileiro e em tantos outros mercados, mas Hollywood tem insistido em só nos entregar mais dos mesmos. Não me levem a mal, eu sou cinéfilo e consumo filmes do mundo todo e todos os gêneros, mas é inegável que Hollywood tem um gostinho de nostalgia por ser a indústria que conquistou o mercado mundial e, por mais que seja criticado, é quem ditou as regras por muito tempo, além de ser referência de produção cinematográfica devido o seu histórico. A pergunta que fica no ar é até quando que essa moda vai durar? Sinceramente, ninguém sabe. Mas esperamos que não dure tanto assim, apesar dos sinais indicarem que a coisa vai longe ainda.



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