O Estranho Mundo de Jack (1993)
Baseado num poema escrito por Tim Burton, que também produziu e co-escreveu, e dirigido por Henry Selick, O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas no original) é sem dúvidas uma de minhas animações favoritas. Realizada em stop-motion o filme encanta não apenas pela beleza dos cenários, claramente influenciados pelo expressionismo alemão, e a variedade de personagens que são todos anatomicamente bem distintos uns dos outros, mas muito mais pelo carisma dos seus protagonistas e a excelente trilha sonora de Danny Elfman que ficam martelando na cabeça o tempo todo. Quem nunca se pegou cantarolando This is Halloween, What's this? ou mesmo Kidnap the Sandy Claws? Além das vozes de Chris Sarandon, Catherine O'Hara e Paul Reubens (mesmo este tendo uma participação pequena, mas sempre divertida). Um verdadeiro clássico da minha infância! Este filme, lançado em 1993, é na minha opinião um daqueles filmes que ficam eternizados em nossa memória. Ele não é apenas tecnicamente perfeito, mas é visualmente encantador. Pena ter sido praticamente esnobado pelo Oscar, recebendo apenas uma indicação na categoria de Melhores Efeitos Especiais (perdendo para o premio para Jurassic Park). Pois é, nada de indicação a Melhor Filme de Animação, Melhor Trilha-Sonora ou Canção Original.
Na trama Jack Skellington é um esqueleto que vive na Cidade do Halloween, onde é o Rei da Abóbora, e tem a missão de anualmente superar as expectativas dos demais monstros da cidade em relação a festa de Halloween. Neste lugar, os habitantes dedicam-se 364 dias por ano as preparações para o grande dia. Esta rotina porém chateia Jack, que já está cansado de fazer sempre a mesma coisa. Um dia, após o Halloween, Jack parte numa caminhada noturna com Zero, o seu cão fantasma. Jack dorme mas segue caminhando e quando acorda ele percebe que chegou a um lugar novo. Um bosque com várias árvores que, em seus troncos, trazem em cada uma porta com o símbolo de alguma festividade. A atenção de Jack é atraída para a porta com o formato de uma estranha árvore piramidal cheia de enfeites. Curioso, Jack abre a porta para espiar o seu interior e é sugado por um portal que o leva então a Cidade do Natal. O encanto enche as órbitas vazias de Jack e seu sorriso, um misto de espanto e admiração, nos mostra como foi capturado por aquela visão. Tudo muito colorido e alegre. O branco da neve está por todo o lugar e várias criaturas bonitinhas passeiam, brincam, dormem, ouvem histórias e se divertem de um modo que o esqueleto jamais tinha imaginado ser possível. Ele não compreende bem o que está acontecendo ou o que é aquilo tudo, mas ele decide que é aquilo o que ele quer. É o que faltava para torna-lo feliz outra vez, o Natal. Ele enxerga na imagem do Papai Noel como sendo o que ele deseja ser. Aliás, o Papai Noel é erroneamente chamado por Jack de Papai Cruel (Sandy Claws) por novamente não ter entendido bem o que se passava. Jack volta para seu lar entusiasmado por compartilhar com todos tudo o que ele aprendeu sobre a Cidade do Natal e depois surge a ideia que é o mote central do longa, Jack vai tomar o lugar do Papai Cruel e preparar ele mesmo o Natal com a ajuda de seus amigos monstros. Pois é, não teria como algo assim dar certo na mente das pessoas, mas Jack acredita puramente na beleza do que está fazendo e por causa de sua ingenuidade estará, sem saber, partindo para um possível trágico desfecho.
Jack não é mal, ele é apenas uma criatura que em sua cultura tem conceitos diferentes sobre o terror. Tudo o que ele queria era uma vez na vida poder fazer algo realmente diferente e no seu encanto pela Cidade do Natal ele tomou uma decisão um tanto radical. Sim, em um momento cai a ficha do que realmente acontece e então ele tenta consertar o seu erro. Mas será que há tempo para isso estando tão avançado o dia da Véspera de Natal? Há ainda algumas sub-tramas como a da sensitiva boneca de pano Sally que, apaixonada por Jack, sempre encontra um jeito de fugir de seu criador, o cadeirante e gênio-louco Dr. Finkelstein, para poder ficar próximo ao seu amado e alerta-lo do perigo de sua empreitada. Um casal improvável, mas que quem está assistindo fica sempre na torcida pelos dois. Mas Jack parece sempre não entender, ou mesmo não perceber, o quanto aquela boneca de pano costurado se importa com ele e o que ela sente. Ainda há o plot do Monstro Verde (Oogie Boogie), um monstro terrível e extremamente perigoso que adora jogos de azar e planeja matar o verdadeiro Papai Noel. O Monstro Verde é na trama apenas um vilão genérico e seus motivos nunca ficam claros, mas a trama precisava de um antagonista.
Anos mais tarde Tim Burton e Henry Sellick voltaram a investir em outras animações no formato stop-motion, Burton com A Noiva Cadáver e Frankenweenie e Sellick com Coraline e o Mundo Secreto, mas nenhuma outra tem a mesma força de O Estranho Mundo de Jack, uma animação inovadora e corajosa (a Disney temendo as críticas inicialmente não lançou o filme pelo seu selo principal, mas pelo de sua subsidiaria Touchstone Pictures) que encanta pessoas de todas as idades por todo o mundo. Esta fábula fantástica sobre o Halloween e o Natal é uma obra-prima e deve sempre ser revisitada. Inclusive, por falar em revisitar, quando o filme completou 15 anos foi relançado nos cinemas norte-americanos convertido para o formato 3D e a sua incrivelmente fantástica trilha-sonora foi relançada numa nova versão chamada The Nightmare Revisited onde foi tocada por várias bandas de Rock como Marilyn Manson, Korn, Amy Lee (vocalista do Evanescence), Flyleaf, Panic! At the Disco e outras mais. Devo dizer que ainda assim prefiro a trilha original na voz de Danny Elfman. Concluo então este texto declarando o meu amor por este filme, uma de minhas animações favoritas, e recomendo que seja visto sempre!
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