Vingadores: Era de Ultron (2015)

Quando foi iniciado em 2008, com o filme Homem de Ferro, o Universo Cinematográfico Marvel prometia realizar um sonho de infância de muito marmanjo, que era ver na tela os seus super-heróis favoritos juntos. A cena pós-créditos, antológica por si só, com Nick Fury, interpretado por Samuel L. Jackson, dizendo ao Tony Stark de Robert Downey Jr que queria falar sobre a Iniciativa Vingadores foi algo espetacular! Infelizmente eu não tinha a cultura de ficar pra ver todos os créditos e sai do cinema antes e por este motivo só vi a cena em DVD. Nunca mais cometi o mesmo erro em filmes da Marvel Studios. Eis que em 2012 foi lançado nos cinemas Os Vingadores, o filme que reunia Os Maiores Heróis da Terra pela primeira vez. O filme estava longe de ser perfeito, mas foi uma das melhores produções já feitas baseadas em personagens de HQ. Como a cena durante os créditos nos mostrava, haveria uma continuação. Todos esperavam por Thanos como vilão do segundo filme da super-equipe da Marvel. Foi quando anunciaram que o filme seria baseado no arco de história em quadrinhos chamado Era de Ultron, que é o subtítulo deste segundo filme. Valeu a pena esperar três anos por este filme? Não tenha dúvidas quanto a isso! 

Na trama novamente dirigida por Joss Whedon e que da continuidade aos eventos mostrados no final de Capitão América: Soldado Invernal, os Vingadores vão atrás do Barão Von Strucker na base secreta da HIDRA para recuperar o cetro de Loki, utilizado para dar poderes aos gêmeos Pietro e Wanda Maximoff, (Aaron Taylor-Johnson e Elizabeth Olsen). Em meio a isso Tony Stark encontra a peça que faltava para seu Programa Ultron, uma inteligência artificial. Ultron seria a ferramenta que traria o fim das guerras e conflitos trazendo a pacificação do planeta e o descanso merecido pros Vingadores. Mas como inteligências artificiais são instáveis e evoluem sem controle. E Ultron toma a forma de um robô autocosciente que está disposto a aniquilar a vida na Terra para garantir a paz. E não se se incomoda de utilizar os gêmeos em seus planos para exterminar os Vingadores. 


Em relação ao filme anterior é possível ver a evolução dos personagens e suas interações. Se no primeiro eram apenas um bando de heróis desajustados que se viam obrigados a trabalhar juntos, agora eles são um equipe de verdade e o trabalhar juntos é algo que flui de forma natural e espontânea. Também temos um maior aprofundamento em personagens que, por não ter filmes solo próprios, não haviam sido tão desenvolvidos. E aqui vemos não apenas o passado de Natascha Romanoff/Viúva Negra (Scarlett Johansson) e as consequências do programa soviético ao qual foi submetida, mas vemos a relação dela com Bruce Banner/Hulk (Mark Ruffalo), surgindo oficialmente um interesse amoroso da personagem. Também conhecemos mas de Clint Barton/Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) que, diferente do que muita gente fala, mostra que é essencial para a equipe. Steve Rogers/Capitão América (Chris Evans) é o líder da equipe e protagoniza algumas das melhores cenas de ação do filme, como a luta com Ultron no caminhão em movimento, mas o Capitão não é tão bem desenvolvido no longa em relação aos outros heróis. O mesmo vale pra Thor (Chris Hemsworth). Mas, convenhamos, ambos já estão estabelecidos no cinema e não carecem ser tão explorados como os outros citados. O Ultron (James Spader) e seu complexo de Pinóquio, com direito a citação de música do clássico filme de animação da Disney, é um vilão genérico em suas motivações, mas os seus conceitos sobre o que é estar vivo e sua determinação em exterminar o mal pela raiz é crível. A contraparte de Ultron, uma personificação de JARVIS, que assume o nome de Visão (Paul Bettany) acredita e representa o oposto do vilão e mostra seu potencial de maneira acertada pelo roteiro. Outros personagens que aparecem brevemente e possuem ganchos interessantes para os futuros filmes da Marvel Studios são James Rhodes/Máquina de Combate (Don Cheadle), Sam Wilson/Falcão (Anthony Mackie), Nick Fury, Maria Hill (Cobbie Smulders) e a já aguardada (e sempre divertida) ponta de Stan Lee, além do inédito Ulisses Claw/Garra Sônica (Andy Serkis). 

Apesar da quantidade enorme de personagens presentes neste filme o roteiro consegue ser bastante coeso e apresenta bons momentos de todos. Apesar disso há alguns momentos que poderiam ser melhor trabalhados. A trama principal é o conflito com Ultron, mas é bem trabalhada a continuidade da trama maior envolvendo as Jóias do Infinito e o incessante vilão Thanos em sua busca. Essas cenas são sempre pontuais e não parecem forçadas na história, o que é bom para o longa. A trilha sonora está bem melhor que no primeiro filme. O trabalho de Danny Elfman a frente da trilha é brilhante. O tema principal dos Vingadores está lá, mas os arranjos de Elfman tornam o conjunto da obra muito mais interessante, com cada cena sendo conduzida pela trilha ora de modo mais explícito, ora mais sútil. Os efeitos visuais dão um show a parte! As cenas de ação, cheias de explosões e destruição parecem bastante orgânicas. O Hulk e o Ultron em tela parecem realmente existir. E ação é o que não falta no filme. As lutas são extremamente bem coreografadas e a interação dos heróis em cena, combinando suas habilidades, só reforça o que eu disse antes, que agora sim vemos uma equipe de verdade em tela. As cenas de Pietro Maximoff/Mercúrio usando sua velocidade em combate são realmente muito boas. Não tem nenhuma cena como a do personagem em X-Men: Dias de um futuro esquecido, mas são tão bem produzidas quanto. Quando na batalha final ele corre detonando vários Ultrons pelo caminho é realmente espetacular. E o que dizer da cena Hulk Vs. Hulkbuster, tão mostrada em vídeos promocionais e em trailers que evitei, além de que é uma das melhores sequências de ação da franquia como um todo.Apesar do tom mais sério e pesado que o anterior o filme tem as piadas pontuais já características do UCM, que funcionam como alívios cômicos sem jamais parecerem gratuitas ou forçadas. A fotografia, como já era de se esperar, é muito bonita e em geral predominam tons mais quentes, apesar de ter uma paleta de cores mais escuras em alguns momentos, como nas visões criadas por Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate, e o escurecimento causado pelo 3D não afeta em nada a projeção. O 3D mais uma vez é dispensável e é quase imperceptível na maior parte do filme e só serve pra cobrar mais caro pela entrada. Quem evitar o formato não perderá grande coisa. Difícil só é evitar, o cinema onde eu vi mesmo só exibe o filme em 3D.   

A direção de Joss Whedon é bastante acertada e é uma pena que ele não dirigirá a terceira e a quarta parte da franquia. Whedon nos entregou um dos melhores blockbusters do ano e só não digo que é o melhor porque em dezembro teremos Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força. Ainda ontem comentei com um amigo que não aceitava um filme no mesmo nível do primeiro ou mesmo inferior, que eu não aceitaria nada menos que algo maior e melhor. Quanto a isso só posso dizer que Joss Whedon pode ficar tranquilo e descansar sabendo que o seu trabalho foi uma despedida digna da franquia. Obrigado Disney e Marvel Studios por mais um ótimo filme. Avante Vingadores e que venha a Guerra Infinita!

P.S. A cena durante os créditos é uma das melhores, se não a melhor, apresentada nos filmes da Marvel Studios e levou a galera toda no cinema ao delírio. 


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