Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (2014)
Recentemente,
com o fim de franquias como Harry Potter e Crepúsculo, vários estúdios tentaram
emplacar no cinema com adaptações de livros voltados ao público teen e muitas destas amargaram em
decepção. Até que surgiu meio tímida uma produção com ar de filme barato mas
com um roteiro que tratava de forma inteligente o seu público alvo e ainda por
cima protagonizado por uma atriz carismática e talentosa. Eis que Jogos Vorazes se tornou sucesso de
público e crítica. Agora chegou aos cinemas a terceira parte da franquia aos
cinemas com a adaptação do último livro, acertadamente dividido em duas partes.
Jennifer
Lawrence (de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido), que desde que protagonizou o
primeiro filme tornou-se uma estrela em ascensão tendo inclusive recebido um
Oscar de Melhor Atriz, estrela novamente como Katniss Everdeen. Desta vez a sua
personagem encontra-se mais fragilizada do que nunca devido os traumas sofridos
nos filmes anteriores e por não ter podido salvar Peeta Mellark (Josh
Hutcherson de Minhas Mães e Meu Pai). Acreditando que o jovem está morto e sem
esperança de enfrentar o inimigo se vê obrigada a ser o símbolo da revolução,
de ser O Tordo (o Mockingjay que dá o título original do longa). Ao descobrir
que Peeta está vivo e nas mãos do cruel Presidente Snow (Donald Sutherland de
Tráfico Humano), que o está usando para atingir seus objetivos de controlar a
revolta iniciada na fita anterior, e aceita o fardo imposto em troca do resgate
e perdão do rapaz. Assim tem início a trama deste A Esperança – Parte 1.
É
evidente que muito do crédito do filme se deve a sua protagonista. A Katniss de
Lawrence é uma jovem sensível e corajosa, e é impossível não se sentir cativado
por ela. É junto a Katniss que vemos o que restou do Distrito 12, seu antigo
lar, e a direção de Francis Lawrence acerta em focar no seu rosto nestes
momentos conferindo maior carga dramática as cenas. Apesar disso é evidente que
em alguns momentos a personagem carecia de um melhor desenvolvimento. Sim, é
verdade que os outros dois filmes já nos a apresentou devidamente. O que me
refiro é que o trauma sofrido é logo esquecido e só retomado no final, no
começo do filme Katniss está realmente surtada/enlouquecida e logo depois já
está bem novamente e não há nada que explicite alguma passagem de tempo o torno
pouco crível o que é mostrado. Peeta tem pouco tempo em cena mas chama a
atenção pela transformação/deterioração física do personagem. Os demais
personagens não têm tanto tempo em tela mas as performances competentes os
sustentam e suas motivações, apesar de nem sempre claras, não afetam tanto o
desenvolvimento da trama. Mas neste ponto devo dizer que o grande vilão da trama,
Snow, é quem é prejudicado pelo roteiro. Querem mostra-lo sempre como um
ditador cruel e pragmático capaz das piores atrocidades possíveis, mas no final
não passa de um antagonista genérico. Sei que nos livros a história é narrada
em primeira pessoa pela Katniss mas o fato de transpor o livro pra tela nos
abriria um espaço para ver o melhor desenvolvimento deste personagem, fazendo
com que fiquemos ávidos por mais dele e nunca somos agraciados com tal. A
revolta nos demais distritos é pouco explorada também mas é acertada por mostrar
a força que tem a revolução em torno do tordo. Destaque também para a cena em
que Gale (Liam Hemsworth de Os Mercenários 2) narra o ataque ao Distrito 12 e
mesmo sem ver podemos enxerga-lo.
A
direção de Francis Lawrence, que também é responsável pela fita anterior e a
derradeira parte 2, é competente e os ângulos de câmera ajudam a fluir ainda
melhor a narrativa, o que é auxiliado pela fotografia, que acerta ao utilizar
tons mais escuros conferindo um certo realismo as cenas, e a excelente direção
de arte, bem como os efeitos visuais, figurino e maquiagem. A trilha pouco
emociona e em alguns momentos a ausência dela nem seria notada e o maior
destaque é uma canção cantada pela própria Jennifer Lawrence (e que se repete
nos créditos finais). O trabalho de captação e edição de som são um show a parte.
A sequência do ataque aéreo ao Distrito 13 me fez pensar como seria ouvi-la no
IMAX. As cenas de ação, que este filme acumula mais que os anteriores, são bem
conduzidas e empolgam bastante, diferente de um certo Detergente recente. A ausência
de sangue nas cenas não incomoda e consegue manter a censura baixa mesmo com a violência
em cena, tendo matado tantos quanto possível.
A
fita finaliza com uma outra sequência de ação e uma reviravolta que surpreendeu
quem não leu os livros e satisfez ainda mais quem os leu, deixando-nos ansiosos
pela conclusão da história destes personagens a quem nos apegamos e pelos quais
torcemos ao longo destes três anos. Infelizmente ainda teremos de esperar mais
um ano para isso. Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 é o início do fim de uma franquia que, apesar de recente, não deixa a desejar.
P.P.S: Join the Mockingjay!
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