Street Fighter – A Lenda de Chun-Li (2009)
Não
é de hoje que a mania de adaptar outras mídias para o cinema existe. Livros,
quadrinhos, seriados, desenhos e videogames já foram fontes de inspiração para
diversos filmes, alguns bons e outros nem tanto. Com relação a jogos de
videogame, infelizmente, poucas são as adaptações que ficaram boas. Cito neste
caso o competente Terror em Silent Hill
e o divertido Príncipe da Pérsia – As Areias
do Tempo. Em contrapartida há aqueles filmes que fazem qualquer gamer se
perguntar o por quê daquilo, é o caso de filmes como Mortal Kombat – A Aniquilação e da franquia Resident Evil. A onda de adaptar jogos já foi responsável pelo
vergonhoso Alone in the Dark – O Despertar
do Mal e o terrível Street Fighter –
A Batalha Final. Por falar em Street
Fighter, a Capcom em parceria com o estúdio Legend Films e distribuído pela
20th Century Fox lançou em 2009 Street
Fighter – A lenda de Chun-Li. Eu que achava que não poderiam fazer um filme
baseado no maior sucesso da Capcom pior do que aquele com o Van Damme e Raul
Julia nos anos 90. Pra minha triste surpresa eu estava miseravelmente enganado.
Pra
começar gostaria de deixar claro que ao assistir este filme eu não esperava
nada de bom, o que foi positivo para que a decepção não fosse maior. Mas o que
esperar de um filme baseado em um dos melhores jogos de luta da história, se
não o melhor? Esperava um roteiro com o mínimo de coesão, personagens
carismáticos e boas cenas de ação. Infelizmente isso e muito mais falta a esta
fita que é tudo menos Street Fighter.
A
trama segue a história de Chun-Li, interpretada por Kristin Kreuk (a Lana Lang
do seriado Smallville), em busca de
resgatar seu pai que foi sequestrado anos antes por Bison (Neal McDonough de Capitão América – O Primeiro Vingador).
Para isso ela segue (ou tenta seguir) a já carimbada jornada do herói, onde vai
encontrar um sábio mestre (aqui interpretado por Robin Shou, o Liu Kang dos
dois filmes da série Mortal Kombat) que
vai orienta-la em sua jornada e prepara-la para se tornar a heroína do filme.
Ainda há um sub-plot que mostra o agente da Interpol Nash (Chris Klein de American Pie) em uma tentativa de chegar
a Bison e detê-lo. Ainda completam o elenco Michael Clark Duncan (do filme À Espera de um Milagre) como (o
boxeador?) Balrog e Taboo (do grupo The Black
Eyed Peas) como o assassino espanhol Vega. Para comandar a fita Andrzej
Bartkowiak, mais conhecido por seus trabalhos de direção de fotografia em
filmes como Advogado de Diabo e Máquina Mortífera 4.
O desenvolvimento
peca pela falta de sutileza ao nos apresentar constantemente uma desnecessária
narração em off da protagonista que em nada ajuda mas, que pelo contrário,
prejudica porque vemos a Chun-Li constantemente nos dizendo o que está fazendo
quando já estamos vendo. Parece que o roteirista esqueceu que a ideia do cinema
é contar através da imagem ou que simplesmente considera a audiência estúpida
demais para entender sozinha o que está acontecendo em cena. Este recurso além
de ser bastante irritante neste filme ele segue quase que o filme todo. Ai eu
me pergunto, ninguém revisou o roteiro do desconhecido Justin Marks antes de
aprovarem o filme e liberarem o orçamento pras filmagens e todo o resto?
Acredito que não. Afinal o que é aquela cena onde Balrog discute com outro
capanga numa escada rolante sobre os planos nefastos de seu patrão só para que
a Chun-Li possa ouvir? Além de diversos furos. E digo desconhecido por que não
há registro nem mesmo no IMDB de qualquer outro trabalho do indivíduo, o que
não é de se estranhar visto a qualidade deste.
As cenas de luta, que
deveriam ser (pelo menos em tese) um dos pontos altos do filme são simplesmente
decepcionantes, mal coreografadas, mal filmadas e ainda super exageram no uso
de cabos para suspender os atores nas acrobacias mirabolantes. Principalmente
nas lutas de Chun-Li contra o tosco (e feio) Vega. Engraçado isso porque as
cenas de luta são o que tem de melhor em outro trabalho do diretor, o filme Romeu Tem Que Morrer com Jet Li. Por
falar no diretor, Andrzej Bartkowiak ainda dirigiu outra pérola das adaptações
dos games chamada Doom – A Porta do
Inferno. (Nessas horas faz que falta o Uwe Boll). Bartkowiak usa alguns
ângulos estranhos, parecendo amador. Até mesmo uma sequência onde a câmera
segue um movimento de baixo para cima acompanhando por trás as pernas de uma
das atrizes só para finalizar em uma visão aérea de seu decote fica estranha. Outros
momentos parecem emulação de novela mexicana com direito a um personagem falar de
costas para o outro só pra enquadrar os dois de frente no mesmo take. Nem mesmo
o som se salva. Existem milhares de vídeos para o YouTube que tem melhor
qualidade de efeitos sonoros e edição de som. A trilha sonora não ajuda em nada
e é apenas outra ferramenta mal aproveitada.
O filme, como disse
antes, não tem personagens carismáticos. Kristin Kreuk não convence em momento
algum como a personagem. Michael Clark Duncan, em um de seus últimos trabalhos,
parece a vontade no seu personagem, mas que não desenvolve nada. Também o que
se esperar de um brutamonte armado e acompanhado de uns capangas genéricos que
fogem desesperados quando os moradores de uma favela lhes atiram algumas
frutas? Assim não dá mesmo. Neal McDonough é um vilão genérico.
O grande General M. Bison foi reduzido a um tipo empresário que deseja
desocupar uma favela e montar ali seu QG, agora que ele é o chefe da
organização criminosa Shadaloo (chamada na dublagem brasileira de Shadalaw).
Pra isso matou todos os chefes das famílias mafiosas de Bangkok. É triste ver
um personagem tão (desculpem a expressão) foda ser tão mal aproveitado. Já o Vega
de Taboo está lá só pra dizer que está no filme, pois sua participação no filme
além de pequena é esquecivel.
No
final do filme há uma menção ao personagem Ryu, um japonês bom de luta, que vai
participar de um torneio chamado Street
Fighter e Chun-Li diz que deixa pra participar na próxima, uma referência
clara a personagem que aparece pela primeira vez no jogo Street Fighter II. O final da fita só deixa claro que a Chun-Li apresentada
não é lendária e O que me restou ao
final do filme foi torcer para que deixem Street Fighter em paz nos videogames,
ao menos enquanto não quiserem fazer algo decente nos cinemas.
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