Alemão (2014)

A relação entre o quinteto
de protagonistas, apesar de mal desenvolvidos individualmente, é o ponto alto
do longa, com destaque para as performances de Gabriel Braga Nunes e Caio Blat.
Destaque também para a performance de Antonio Fagundes que, apesar de curta, é
competente. Em contrapartida a presença de Cauã Reymond, vilão da trama, se
mostra pouco a vontade e não convence ninguém no papel do traficante Playboy, o
dono do morro. Por falar em vilão, os demais traficantes são os tipos mais
estereotipados possíveis e se limitam a aparecer com armas em punho, fazendo
“cara de mal” e gritando palavrões para intimidar.
A abertura do filme
mostrando o cotidiano dos moradores em cenas que parecem amadoras com os
enquadramentos sendo até mal elaborados, mas no decorrer do filme isso é
compensado. A inserção de cenas reais da invasão ao complexo que seriam para
dar maior força ao filme, mostrando-o de uma forma quase documental, servem
apenas para preencher o tempo em tela e os momentos em que são inseridas não
cooperam para o desenvolvimento da trama. As cenas de ação são curtas e quando
investem em cortes rápidos fluem bem. O problema é quando tentam fazer planos
mais longos que se mostram sem ritmo e quebram totalmente com o que foi
proposto pelo roteiro, como numa perseguição de motos pelas escadarias no
começo do filme por exemplo. Direção de arte recria o ambiente com perfeição,
com destaque para as tomadas internas. A fotografia de Alexandre Ramos alterna
em alguns momentos entre tons frios e quentes de acordo com o que a cena pede,
porém a trilha sonora pouco acrescenta e até atrapalha a narrativa
desconstruindo a tensão necessária em algumas cenas.
A trama arrastada faz com
que o filme pareça ser mais longo que os seus cento e dez minutos. O roteiro
ainda insere muito tarde uma ex-mulher de Playboy, interpretada por Mariana
Nunes, que trabalha como faxineira na pizzaria e acaba refém dos policiais, mas
que não acrescenta muito à narrativa e que, na verdade, seria totalmente
dispensável se não fosse pelo papel que desempenha no desfecho do filme.
Alemão é um filme que tem suas virtudes, mas as suas falhas, a falta de
ritmo e a artificialidade o tornam apenas mais um filme ambientado numa favela
carioca e que, não demora, será esquecido do público.
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